sexta-feira, 24 de julho de 2009

A Cinzenta

Na cardia do estômago dela existe um aglomerado espesso, cinzento, com uma textura cancerígena que parece enrijecer.
Um aglomerado de tristezas, insatisfações, frustrações, desilusões, melancolias e notas de piano, impregnado nas paredes do fim do seu esófago.
Tornou-se cansativo e por vezes difícil de a ouvir respirar.
Incomodou-me encontrá-la assim.
Apertei-a num abraço nosso, e magoei-a.
Soltou um suspiro descompassado, que ficou suspenso meio segundo, só depois expirou.
Nesse meio segundo houve dor com certeza.
E fiquei sem saber o que fazer, com toda a certeza de que ela mais do que ninguém ali, precisava de uma palavra reconfortante.
Não fui capaz de escolher… são tantas e nenhuma adequada àquele momento.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Ses

Os ses são uma constante…porra!
Não existirá nada na vida com certeza?
Só mesmo a morte é certa, o resto são probabilidades atrás de improbabilidades.
Quando deixarmos de pensar “então e se…” é caso para nos preocuparmos, pois já veremos a vida com os mesmo olhos. Acabariam as preocupações?
Estaríamos preocupados com tanta certeza?
Era engraçado, ou não.
Querer ir, e ter a certeza de que não irão haver percalços, ou ter a certeza de que aparecerão, e pensar noutro dia para o fazer.
Ter a certeza do dia em que morremos deve ser pavoroso, ou não. Estaríamos todos mais bem preparados. Faríamos tudo o que teríamos pendente? E ter a certeza de que aquele amor, não iria valer a pena… Aaaaffff…
Saber que o filho que teríamos iria morrer a meia gestação, ou não… Supor dá gozo, ou não.